domingo, 26 de fevereiro de 2012


Quando parece que o problema não tem solução.
Quando todos dizem que nada mais pode ser feito.
Quando as forças se esvaem e não existe ânimo para recomeçar,
é nesse momento que Deus entra em ação, e prova que com Ele nada é impossível.Seu poder não tem limites.
Com amor Deus ouve o clamor dos seus filhos, e concede a cura e o alento ao coração entristecido.
Não devemos ver nem ouvir com olhos e ouvidos da carne, pois estes podem se enganar e nos fazer sucumbir.
São com os olhos e ouvidos da fé que o Espírito Santo de Deus nos dá a vitória.
O Senhor, nosso Deus, nos diz: "Agindo eu quem impedirá?"
É o Deus Rafah, que cura. É o grande EU SOU!
Ele não é somente o Deus que eu creio, mas também é o Deus que eu conheço e confio.

O Lápis Soviético


Aí eu discordei do Amílcar.

Mas vamos com calma: uma coisa de cada vez.

O Amílcar é o gerente do hotel onde eu trampo. E também é o cara que o Sandro pretende ser, no futuro (só preciso virar gente grande e me bronzear um pouco).

Amílcar é um sujeito tradicional, um notótio adepto das convenções que acompanham o viver há décadas. Já o Sandro - saudosismos e caipirice à parte - gosta de inovar, e procura sempre repaginar e otimizar velhos conceitos para novos tempos.

Observação óbvia típica dos filmes da sessão da tarde: eu tenho muito a aprender com ele, que também pode se reciclar às custas da minha influência. Basta que ambos aprendam amistosamente a conciliar suas diferenças em prol de um objetivo comum, lançando mão da oposição complementar existente entre ambos e blá, blá, blá. Acho até que já chamei o Amílcar de Myiaghi, outro dia, sem querer...

Bom, rola que, na prática, sai umas faíscas de vez em quando. Ele me acha moderninho demais e eu acho ele antiquado em excesso. Pronto, falei.

Sei que essa aparente relutância em modernizar métodos tem a ver com a posição dele. Como gerente, o homem está sempre com a bunda virada para frente, a espera das picas que o ofício lhe inflige. Dessa forma, seu rosto está sempre voltado para trás, o que o impede de olhar para frente, além. E isso eventualmente o ancora ao passado.

Todo mundo apresentado? Beleza. Voltemos ao início do texto, então.

O motivo da discrepância de opiniões entre eu e o Amílcar foi da mesma natureza de nosso conflito essencial: muderno x véio. No hotel, há duas formas de visualizar as reservas anuais. A primeira e mais antiga é um bloco de papel espiralado com planilhas impressas, onde os dados básicos dos hóspedes são constantemente anotados a cada pré-reserva e apagados a cada desistência.

E há também uma versão digital disso, resumida numa única planilha gigante do Excel, com espaço ilimitado em cada uma das células para descrever toda a informação necessária dos hóspedes. Ela também já existia, mas o Sandro "deu um tapa na fachada" da dita cuja.

O Amílcar sugeriu (ordenou?) que eliminássemos a digital e mantivéssemos apenas a "escreve-apaga-escreve-apaga" em uso, já que ela havia sido recentemente reimpressa. Eu rodei a baiana. Especialmente depois de perceber que esse novo bloco tinha duas suítes 22 em cada uma das suas milhares de páginas, o que é perfeito pra dar merda/overbooking (rolou um erro de impressão, ainda por cima).

Ele então, com aquele ar plácido costumeiro, embasou seu ponto de vista numa máxima da sabedoria internética:

-"Os americanos gastaram milhões de dólares desenvolvendo uma caneta capaz de escrever em gravidade zero, quando enviaram seu primeiro foguete para o espaço. Os russos usaram um lápis."

Eu não disse nada, porque na hierarquia da empresa, o pau dele é consideravelmente maior doi que o meu (e etnicamente também, eu suponho). Mas pensei comigo:

-"A analogia é perfeita. O referencial é que não."

Porque jogar dinheiro pela privada pra desenvolver uma caneta espacial ninja é certamente desnecessário. Uma caneta é um acessório pra lá de supérfluo em relação a outros itens numa viagem interplanetária. Os russos usaram o cérebrobrilhantemente ao substituir a esferográfica pelo bom e velho grafite.

Mas o que o Amílcar propunha era economizar/retroceder num setor crucial ao funcionamento de um hotel. Porra, é como querer mudar a frase para:

-"Os americanos gastaram bilhões de dólares desenvolvendo um foguete de última geração para explorar o espaço. Os russos usaram um fusca."

Não dá. É totalmente incompatível abolir a tecnologia quando ela é evidentemente mais útil do que o método utilizado. Pergunta genial: por que não implantar um sistema híbrido, reunindo ambos? A solidez do passado com a felxibilidade do futuro. O melhor de dois mundos. Use o lápis no espaço sim, mas vá até lá de foguete, faz favor.

Pequenas doses de improviso e criatividade costumam ser ideais para sanar problemas que a tecnologia só tornaria mais complexos. Nem sempre a solução com leds e touch screens é a mais eficaz.

Mas, quando você se pegar tentando fazer um DDD usando duas latas unidas por um barbante, tá na hora de modernizar seus conceitos...